Governo Lula faz "papelão" na área social, diz "El País"

 
NR. - Antes de dar pitacos na seara alheia, esse jornal deveria preocupar-se com os administradores do maior grupo financeiro espanhol acusados de fraude de impostos e falsificação de documentos em seu próprio país (ver notícia do dia 07/10/2004), alem de estar dando o maior calote em funcionários da ativa, aposentados e pensionistas do Santander Banespa no Brasil, teve o fechamento de agência em Salvador/BA, por falta de pagamento de débito de R$ 18 milhões devidos à Empresa Agro-Pecuária Helios (Jornal da Band).

O diário espanhol "El País" destaca em reportagem publicada hoje os extremos em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se divide, quando consideradas as áreas econômica e social de sua administração.

A reportagem destaca os lucros dos bancos no Brasil, que "nunca ganharam tanto dinheiro como no governo do ex-dirigente sindical que comandou greves históricas entre os anos 70 e 80", e as críticas dos dirigentes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), da Comissão Pastoral da Terra e de dentro do próprio PT.

Os programas sociais do governo Lula, anunciados "com estardalhaço" pelo presidente e por sua equipe não ocorreram. "Ao contrário, a ineficácia administrativa do governo fez que em vários campos se registrasse um claro retrocesso, mal disfarçado por uma agressiva política de marketing", diz o jornal espanhol.

O jornal lembra a peça publicitária do governo exibida na TV em março do ano passado para divulgar um programa de apoio à agricultura familiar. Na propaganda eram exibidas imagens captadas em uma grande propriedade rural da região de Cotia (Grande São Paulo), que não faz parte do programa do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Os trabalhadores que aparecem na peça publicitária também não são pequenos agricultores, os alvos do programa governamental. A peça fazia parte de uma campanha publicitária em que o governo divulgava números conflitantes sobre preços da gasolina, gás de cozinha e cesta básica. O mote da campanha era "isso é fato, isso é verdade".

"Nem uma coisa nem outra. Os números correspondiam aos recursos previstos pelo orçamento elaborado pelo governo anterior, e o anúncio exibia cenas filmadas em uma propriedade particular, cujo dono se apressou a denunciar a farsa", lembrou o "El País".

A reportagem lembra ainda que um ano e meio depois da implementação do programa Fome Zero, ainda há um acúmulo de grande número de denúncias de desvios, corrupção e ineficácia, o que ocasionou a saída do assessor especial Frei Betto e do ministro da Segurança Alimentar José Graziano, entre outros membros do governo ligados às áreas sociais.

Já no mercado financeiro, a "franca euforia" pelos resultados econômicos, como o crescimento da atividade econômica no ano passado e o crescimento das exportações, tem seu contraponto na sensação de alívio e relativo otimismo na população diante de 2005, diz o "El País". "No fundo, é como se se dissesse: 2003 foi tão duro que agora qualquer coisa ocorrida em 2004 é um alívio." O ajuste fiscal sem precedentes empreendido pelo governo para recuperar a confiança internacional custou a "perda constante do poder aquisitivo dos salários, somada a índices de desemprego que em nenhuma das crises dos últimos 30 anos tinham sido tão elevados".

Fonte: Folha Online





298 - 26/01/2005
Oneide Wild

Outras notícias