Proponho-me a contar outro fato que reputo interessante, ocorrido quando era funcionário na ativa do nosso saudoso Banespa. Estamos em 1970, e acabo de ser transferido, na Matriz, para trabalhar na seção de "Créditos em Liquidação", setor ao qual eram enviadas as dívidas dos clientes inadimplentes há mais de 90 dias, ainda em fase de cobrança administrativa. Nosso trabalho consistia primordialmente em controlar nossos créditos, com idas às sedes das empresas, verificação das garantias dadas aos empréstimos, warrants, maquinaria e outras. Um desses devedores, um senhor judeu muito amável e educado, era o dono de um das maiores empresas de tecelagem, na época, em São Paulo. Visitei-o diversas vezes, tentando negociar o ressarcimento de, pelo menos, parte da sua dívida, sem, no entanto, co
nseguir êxito. Em minha última visita, notei que a empresa estava desativando, com menor numero de funcionários, maquinaria parada, caminhando para uma concordata ou falência. Relatei essa constatação à minha Chefia, por comunicação interna (CI) e a pendência foi enviada ao Depto. Jurídico, para cobrança judicial. Algum tempo depois, li em um jornal importante da capital, a notícia, em letras garrafais,enquadradas em espaço pago, que o referido senhor havia falecido. Muitos anos se passaram e eis-me, então, trabalhando na área de Câmbio e Comércio Exterior, estagiando na Agência do Banco em New York. Ao fim do meu estágio, fui, com outros companheiros, comprar algumas lembranças, para minha esposa, em uma loja de propriedade de brasileiros, que funcionários da agência haviam recomendado por ser bem sortida, com ótimos preços e, melhor ainda, com atendentes falando o portugues, facilitando o diálogo! Fiz a minha compra e entrei na fila para pagamento. Quando chegou minha vez de
pagar, estupefato, reconheci o velho devedor "falecido", que agora era o caixa na loja, da qual, possivelmente era o proprietário!! Ele também me reconheceu e ficamos por um bom momento nos olhando, estáticos, mudos! Nada falamos um ao outro, espantados que estávamos. ESSA FOI A PRIMEIRA VEZ E, ESPERO, A ÚLTIMA, EM QUE CONHECI UM MORTO MUITO VIVO!! Saúde e Paz a todos.   - Visite www.apdobanespa.com
APdoBanespa - 13/06/2015
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